quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sem título

Conto à minha irmã e à minha sobrinha de 7 anos que tenho uma amiga grávida de quase 4 meses.
Numa casa onde tudo se reproduz a grande velocidade, a minha sobrinha mais velha faz perguntas. 
No início da semana o aquário de água quente encheu-se de minusculos peixinhos. Espanto geral, ninguém viu nenhum peixe "grávido".

"Porque é que não tens filhos?" - pergunta. E acrescenta logo um "se nunca gostei tanto-tanto de alguém a quem desse beijinhos para que os filhos nascessem."

Estava a comer um ovo estrelado, a explicação pareceu-me fácil.

"Minha querida sobrinha, nós, mulheres, temos ovos estrelados na barriga. E os homens tem minusculos peixinhos, assim como estes que nasceram no aquário esta semana. Um peixinho dentro de um ovo estrelado pode gerar um bebé... não é própriamente necessário que haja amor, basta que haja um ovo e um peixinho." 

Fica admirada com o não ser necessário amor para que nasça um bebé (e é uma boa admiração).
Então sugere-me para pai de um bebé meu o meu melhor amigo... (um de infância, de há muitos anos).

Sorrio. Era possível, sim. Eu tenho ovos estrelados e ele tem peixinhos. Era só por a mesa.
Explico-lhe que lhe podia pedir um peixinho e que depois um médico colocaria esse peixinho no meu ovo estrelado e depois nasceria o tal bebé... mas que não é assim tão simples, moramos muito longe um do outro, ele mora junto ao mar. E somos grandes amigos, seria não o fruto de um grande amor, mas o fruto de uma grande amizade. Quem cuidaria dele (bebé)?

"Eu!" - responde ela. "Eu tomaria conta da vossa sereia!"

[Estou cada vez mais fã de conversas soltas com as crianças...]

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