O Amin é um amigo de 84 anos, de origem persa - escrevi sobre ele algumas vezes.
O Amin (abreviado de Aminullah) é uma presença constante na minha vida, desde o dia que o conheci, há quase 2 anos.
Amin significa honesto.
A semana passada convidou-me para jantar.
Retomaríamos as aulas de Persa, suavemente.
Como eu estava demasiado cansada, disse:
Vamos só conversar e ouvir música.
Todo o cenário me pareceu um filme. As portas abertas com vista para os campos amarelos. O calor do fim da tarde. O céu de fim de tarde. No DVD um grupo de jovens mulheres persas tocava e cantava canções sobre o País (sobre a forma como lhes mataram os familiares, numa espécie de canto revolucionário que corre o mundo). E o Amin a servir-me chá e bolachas. A servir-me. A preparar o jantar com lentilhas e beterraba e arroz - sempre muito arroz. E romãs.
O Amin a contar-me histórias da sua vida, que se misturavam com a vida da sua mulher, da sua sogra, dos seus pais... do seu País.
Histórias antigas, mas foi tudo ontem.
(A semana passada)
O exílio dos homens na Sibéria.
A escola dos miúdos na India.
Os persas espalhados pelo mundo.
Esta semana não o fui visitar.
Enviou-me uma oração (o Amin é médico otorrino, de fé bahá'í) e a prescrição:
{Para rezar várias vezes ao dia}
Ó Deus, refresca e alegra o meu espírito.
Purifica o meu coração.
Ilumina os meus poderes.
Nas Tuas mãos confio todos os meus interesses.
És o meu guia e o meu refúgio.
Não mais tomarão conta de mim a tristeza e a ansiedade, e sim, o contentamento e a alegria.
Ó Deus, jamais me entregarei à aflição, nem permitirei que os desgostos me atormentem ou as coisas desagradáveis da vida me inquietem.
Ó Deus, és mais meu amigo do que eu o sou de mim mesmo.
Dedico-me a Ti, ó Senhor.
Enviou-me também uma taça de iogurte, cuja receita é particular.
Nas contra-indicações dos remédios caseiros: nada a constar.
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