sexta-feira, 31 de julho de 2020

Pausa














 
Passei a última semana, num parêntesis, com esta vista. Sei agora que ficava mais uma, pelo menos. Trouxe livros que não li, fatos-de-banho e roupa que não vesti. A mala não era grande, uma semana é que é pouco.
Ainda assim, li, escrevi, corri, fiz yoga, caminhei, mergulhei em praia (vazia) de nudistas e hippies.
Comi ostras, bebi vinho e água de coco, debaixo de uma espreguiçadeira catita (onde cheguei mesmo a dormir sesta). Andei acompanhada de spotify. (ainda ando).
Esta pausa continha uma surpresa: um campeonato de windsurf mesmo em frente da minha janela! (tivesse eu mais uma vida e viveria junto ao mar só para aprender a usar o vento a meu favor)
 
Parte dos meus dias foi passada a sublinhar.
 
Sublinhei isto:
"«E não quer ir à Turquia?» «Não, merci! Pode-se viver como um turco noutros lugares - talvez mais até do que na própria Turquia! Não quero nada ir a lado nenhum. Para que precisam os escritores de viajar, sem têm a sua imaginação?» Eu acrescento, casualmente: «Já encontrei esse ponto de vista num dos seus livros, onde diz o seguinte: "Será que a natureza parte para o estrangeiro? Estou sempre a olhar para as árvores e a dizer a mim mesmo que elas não vão a lado nenhum; porque não terei eu, então, o direito de ficar?» Robert: «Sim, só a viagem ao encontro de si mesmo é importante.» (Caminhadas com Robert Walser, de Carl Seelie)
 
e isto:
 
"1. O herói és tu!
Sempre. Do primeiro choro ao teu último "ai". A estrada é só tua. Dom Quixote e Harry Potter moram em livros diferentes, certo? Não há competição possível. Só tu chegas onde quiseres e convém que seja aonde queres. Não fazes ideia o que queres? Não há problema, a estrada faz o herói!"
 
"2. Tu já és!
Já nascemos com os talentos que vamos precisar para a nossa aventura. Se precisamos de talentos que não temos é porque estamos na aventura errada. Nós já somos. A gigantesca sequoia mora dentro da mínima semente. O tempo faz o resto. As árvores parecem-te stressadas?"
 
"3. A Viagem é a Vida! Não há preparação possível. Quanto mais tempo estiveres na estrada mais hipóteses tens que tudo corra bem e que tudo corra mal. E nem precisas de ir a correr! Vais chorar, adoecer e até podes ficar sem nada. mas vais sorrir, renascer e ganhar coisas que nunca poderão ser roubadas. A viagem não te mostra o mundo, mostra-te a ti no mundo. E quanto mais para fora fores mais para dentro vais. Tu és a viagem (mega guruzada)!"
 
"4. Tudo acaba bem!
Mesmo quando acaba mal. A vida foi uma aventura do caraças. Uma experiência imersiva total. É ouvir os velhos e aproveitar enquanto os joelhos funcionam. É fazer como o Zorba e usar a alegria, a tristeza, a raiva e o amor para dançar, dançar, dançar. É saber que o tempo cura quase tudo… e comer e dormir curam tudo o resto."
 
"5. ...Falta a música!
Melhor companhia de viagem. A música é antídoto e veneno. Cria atmosferas. Limpa feridas. Abraça como um cobertor. Enche-nos de coragem. Chora connosco. Embebeda os sentidos. A música é o perfume dos ouvidos. É o verdadeiro Esperanto. Se eu só pudesse oferecer uma coisa a um Herói, seria a Música: Amuleto, armadura e arma. O resto é História!"
 
da Mamigeographic (leio-a e podia ser eu a escrever… trouxe o livro dela, "Crónicas de Viagem" - vale muito a pena. Saltei diretamente para a India e Sri Lanka. Bebia água de coco, dentro de um pacote, e sonhava com as noites incomparáveis do Sri Lanka… quentes, húmidas, deliciosas. Não me importava de fazer os Invernos naquele lado do globo)
 

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